Etólogos Brasileiros em Destaque #19
Olá pessoal! Sou a Gabi, doutoranda do PPG em Biodiversidade e Conservação da Natureza da Universidade Federal de Juiz de Fora, e hoje apareci aqui nas redes sociais da SBEt para divulgar no #etologosbrasileirosemdestaque um artigo publicado recentemente.
O título do artigo é ‘Is individual temperament related to behaviors in a social context for a Neotropical parakeet species? (Ramos et al., 2021)’, e nesse trabalho, investigamos as relações entre as dimensões do temperamento de maritacas (Psittacara leucophthalmus) com a posição hierárquica das aves e com comportamentos em cativeiro (foto 1). Para isso, aplicamos testes de temperamento e realizamos observações onde registramos os comportamentos das aves em grupo, ao longo do dia, sem intervenções no viveiro (foto 2). O temperamento é o conceito utilizado para explicar as variações individuais no comportamento em animais não humanos, que persistem ao longo do tempo e em diferentes situações. Isso significa que animais da mesma espécie, idade e sexo apresentam sua individualidade, e não se comportam da mesma maneira. Essa individualidade pode ser representada por dimensões de temperamento, e uma das maneiras de acessar essas dimensões, é aplicando de testes comportamentais (foto 2).
Nossos resultados mostraram que maritacas dominantes foram mais ousadas e vigilantes nos testes de temperamento, do que as aves subordinadas. Observamos também que as dimensões do temperamento foram correlacionadas com os comportamentos avaliados em grupo: maritacas ousadas passaram mais tempo limpando as penas e envolvidas em interações sociais negativas (brigas, com bicadas e ‘chutes’), do que maritacas tímidas.
A espécie avaliada neste estudo, assim como outros psitacídeos, vive em grupos na natureza, e o comportamento social tem um papel importante na biologia desses animais – por esse motivo, eles devem ser mantidos em viveiros sociais que permitem o contato com indivíduos da mesma espécie. Considerar o temperamento durante o período em cativeiro em criatórios ou centros de reabilitação pode ser útil para prever a formação hierárquica e, assim, reduzir o estresse social, conflitos desnecessários e injúrias.
Para acessar o artigo: https://doi.org/10.1016/j.applanim.2021.105455
A pesquisa foi uma parceria entre o NEBEA – UFJF (@nebeajf), o IEF e IBAMA de Juiz de Fora (@cetas.mg) e a @comunadoibitipoca.oficial
O trabalho foi parte do mestrado da @gabi_porto, sob orientação da @ac_santanna1 e coorientação do @cristianoroxette, pelo PPG @biodiversidade_ufjf
Fotos: @talysassumpcao e @itravnik
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